Refluxo Gastroesofágico, aspectos clínicos

Enfermeira Claudia Satico Matsuba

O refluxo gastroesofágico (refluxo ácido) é o fluxo retrógrado do conteúdo gástrico para o interior do esôfago. O revestimento do estômago o protege contra os efeitos de seus próprios ácidos. Como o esôfago não possui um revestimento protetor similar, o ácido gástrico que reflui para o seu interior causa dor, inflamação (esofagite) e danos. O ácido reflui quando o esfíncter inferior do esôfago não funciona adequadamente. A força da gravidade contribui para o refluxo quando o indivíduo permanece deitado. O grau de inflamação causado pelo refluxo depende da acidez do conteúdo gástrico, do volume de ácido gástrico presente no esôfago e da capacidade do esôfago de eliminar o líquido regurgitado.

Sintomas e Complicações

O sintoma mais evidente do refluxo gastroesofágico é a pirose (azia), uma dor tipo queimação subesternal. A dor, a qual sobe no tórax e pode irradiar-se ao pescoço, à garganta ou mesmo ao rosto, é causada pelo refluxo gastroesofágico. Em geral, a pirose ocorre após as refeições ou quando o indivíduo encontra-se deitado e pode ser acompanhada pela regurgitação do conteúdo gástrico até a boca ou por uma salivação excessiva. A salivação excessiva, resultante da irritação da porção inferior do esôfago pelo ácido gástrico, é denominada “ardor gástrico”
As complicações do refluxo gastroesofágico incluem o estreitamento de uma área do esôfago (estenose péptica esofágica), a úlcera esofágica e alterações pré-cancerosas do revestimento esofágico (síndrome de Barrett).

Diagnóstico

Os sintomas sugerem o diagnóstico. Algumas vezes, é necessária a realização de estudos radiográficos, da esofagoscopia (exame do esôfago com o auxílio de um tubo de visualização flexível), da manometria (mensuração das pressões) do esfíncter esofágico inferior, da pHmetria esofágica (para verificação da acidez) e da prova de Bernstein (teste de infusão de uma substância ácida no esôfago), para ajudar na confirmação do diagnóstico e verificar possíveis complicações.

Tratamento

Várias medidas podem ser tomadas para aliviar o refluxo gastroesofágico. A elevação da cabeceira da cama cerca de quinze centímetros pode impedir o refluxo de ácido gástrico durante o sono. Também pode ser útil a abstenção de café, bebidas alcoólicas e outras substâncias que estimulam fortemente o estômago a produzir ácido.
Além disso, o indivíduo pode tomar um antiácido uma hora após as refeições e um outro na hora de dormir para neutralizar o ácido gástrico e reduzir o escape através do esfíncter esofágico inferior. O uso de medicamentos (p.ex., cimetidina ou ranitidina) pode reduzir a acidez gástrica. Também devem ser evitados determinados alimentos (p.ex., gorduras e chocolate), o tabagismo e determinados medicamentos (p.ex., anticolinérgicos), pois todos esses fatores aumentam a tendência ao escape através do esfíncter esofágico inferior. O médico pode prescrever uma droga colinérgica (p.ex., betanecol, metoclopramida ou cisaprida) para fazer com que o esfíncter esofágico inferior feche com mais força.

Referencias:
Normas e Protocolos da EMTN do Hcor – São Paulo
End. Para correspondência: Rua Des. Elizeu Guilherme, 123 São Paulo – SP